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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Freguesia de Portimão preocupada com o associativismo local



As sociedades mudam rapidamente. As pessoas perdem hábitos antigos, adquirem novos modos de vida, procuram experiências diferentes. O associativismo popular é a mais pura expressão da interação social e veículo de desenvolvimento, se acompanhar e, talvez, antecipar as tendências evolutivas dos seus membros. Caso contrário, sucumbem.

Em Portimão, coabita um número elevado de associações, que podem ser divididas, grosseiramente, em 3 tipos: as que se deixaram ultrapassar, conservam alguns saudosistas e vão perecendo lentamente, dependendo dos subsídios, cada vez mais escassos, como o náufrago de um gole de água potável para atrasar a morte.

As que se aperceberam de que um ciclo estava a encerrar, deram o salto e criaram novas dinâmicas que as tornaram mais saudáveis.

As jovens associações, cheias de pujança, mas carentes de suporte logístico que as deixe projetar-se.
Consciente da situação, a Freguesia de Portimão convidou um painel de oradores capazes de abordar o tema de vários ângulos, trazer experiências próprias e alheias, dar exemplos e apontar caminhos, ensinar o modo de fazer bem, agitar consciências adormecidas.

O TEMPO recebeu a vasta audiência que procurava soluções para enfrentar os tempos difíceis que se avizinham.

Mário Freitas, da Associação de Dadores de Sangue do Barlavento do Algarve, agremiação de solidariedade social com provas dadas a nível regional, trouxe algumas experiências, exemplos de parcerias bem sucedidas e a notícia maravilhosa de que o Algarve é autossuficiente em sangue. Disse que «todos devíamos dar um pouco de nós à sociedade, na área que entendêssemos» e lamentou a falta de disponibilidade existente na sociedade para organizar atividades.

Nilza Fonseca, da Associação Santomense e Amigos, começou por dizer que, em virtude de serem uma associação muito jovem, sempre viveram na crise. Propuseram-se «promover o intercâmbio cultural, porque este preserva e estrutura os jovens para o amanhã». E acrescentou que a gastronomia, a música, até a maneira de pensar e o comportamento social são enriquecidos por uma mistura interracial e intercultural. «O que esteve na origem da criação desta associação foram os nossos filhos. Nasceram cá, mas por vezes chegam da escola baralhados; fora de casa, encontram a estrutura de um País como Portugal e em casa têm de lidar connosco, que somos de cultura diferente. E como ajudar esses miúdos a encontrar o equilíbrio dentro deles? Foi difícil, mas os meus filhos conseguiram. Aceitaram o facto de serem portugueses e que também têm a memória dos pais, que amanhã podem intercambiar com Portugal. Para eles, a associação tem sido importante, até ao nível das línguas e da música».

Contou ainda que funcionam como instituição de solidariedade social, tanto mais que os homens se viram obrigados a voltar a emigrar, para cumprir os compromissos aqui assumidos, e que o trabalho escasseia para as mulheres, que tiveram de ficar. Os sócios custeiam as atividades e «da Câmara e da Junta de Freguesia recebemos apoio logístico, que tem sido fundamental para nós. Esperamos que não o retirem, pois é fundamental para partilharmos a nossa cultura. E, quando nos conhecerem, vão aceitar-nos melhor, porque quando se conhece é mais fácil caminhar juntos».

Nuno Vieira, da Teia d’Impulsos, quis deixar as experiências positivas de uma jovem associação que ainda não completou 2 anos de existência e que possui sede social, desde julho passado. Tem como objetivo desenvolver projetos de âmbito social, cultural e desportivo, desde que os considerem uma mais-valia para os associados e para o concelho. «A nossa prioridade é a captação de associados. Não o associado que se limita a pagar a quota anual, mas o membro que tenha um papel proativo, de forma a contribuir para o dinamismo da associação. Criámos o conceito ‘espaço associado’, em que cada pessoa que pertença à associação pode apresentar um projeto aos órgãos sociais. Desde que o mesmo esteja de acordo com os nossos princípios e seja autossustentável, é aprovado, mas é o proponente quem o dinamiza». Disse ainda que o seu grande alicerce passa pela rede de parcerias e pelo bom uso que fazem da comunicação, das redes sociais e outras as outras ferramentas disponíveis na internet, aos mais diversos órgãos de comunicação social.

Isabel Cunha, coordenadora do Gabinete de Apoio Técnico às Associações de Imigrantes (GATAI), explicou os mecanismos à disposição dos imigrantes para a criação e sustentabilidade das suas associações representativas, tendo como objetivos incentivar a participação cívica e cultural, a promoção do diálogo interracial e interreligioso e defender os direitos dos imigrantes. Para que o apoio financeiro provisório seja concedido, as associações têm de provar que são representativas, o que pressupõe o mínimo de 100 associados, ter 2 anos de existência e «inscrever no seu objeto ou denominação social a promoção dos direitos específicos dos imigrantes e, mais importante, provar na prática que desenvolve iniciativas para a promoção desses direitos». É também evitada a duplicação, apostando o ACIDI nas parcerias e numa maior correlação de forças entre as associações. Portimão possui 2 das 5 associações de imigrantes sediadas no Algarve e reconhecidas oficialmente.

Clementina Henriques, em representação da Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto (CPCCRD), trouxe ao debate «a sustentabilidade do movimento associativo popular e a necessidade de inovar, diversificar e valorizar». Colocou o ênfase na necessidade de mudança, que passa pelas acções de formação aos dirigentes, de acordo com um diagnóstico de necessidades específicas de cada um. Informou ser diretiva da Troika que se acabe com os subsídios às coletividades e associações e frisou que estas terão de operar na base da gestão, organização e planeamento.

Segundo esta dirigente, o associativismo enfrenta um desafio que requer imaginação e a necessidade de diversificar, qualificar e inovar. E acrescentou que «a inovação terá de acontecer na forma, no processo e também nos conteúdos, de acordo com os diagnósticos. E a imagem, a comunicação são essenciais». Esta palestrante também insistiu na necessidade das parcerias, em «trabalhar com».

As suas sessões de debate foram animadas e esclarecedoras. De notar que foi criticada a ausência de qualquer técnico da Câmara Municipal de Portimão, representada pelo presidente Manuel da Luz, que abriu a sessão e saiu de imediato.

Ana Figueiredo encerrou a sessão, dizendo que a Junta de Freguesia se propõe realizar mais ações sobre associativismo, porque o considera um pilar muito importante para o desenvolvimento harmonioso da sociedade civil.

Fonte: Barlavento Online
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1 comentário:

  1. Esta notícia começa com "Regional Freguesia de Portimão". Isto do "Regional" é o quê?

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