
Na segunda-feira dia 28 de Fevereiro de 2011, teve lugar a 1ª reunião ordinária da assembleia municipal de Portimão.
Já por diversas vezes escrevi, acerca deste tema, em ocasiões anteriores.
Outras reuniões da assembleia municipal.
E a cada uma delas, sempre a minha interpretação que resulta num comentário tenden-cialmente estéril e limitado.
O autor é o que é.
Mas hoje, apetece-me falar num registo diferente.
Confesso-vos que escrevo isto com um sentimento de impaciência e de frustração cres-cente.
A cidade vive com praticamente 20% de desemprego.
Tem o comércio na falência.
Não tem indústria.
Não tem um turismo que permita um modo de vida.
Tem um centro histórico degradado, pejado de toxicodependência, de tráfico e de cri-minalidade.
Porém, grosso modo, o que se discutiu na reunião, foi:
As portagens na A22.
A degradação da zona histórica da cidade, denominada por todos os presentes de “casco velho” da cidade. É uma escolha de palavras interessante e reveladora: “Casco velho”.
O orçamento para 2011.
Os assuntos são pertinentes. Ninguém diz que não.
No entanto, hoje em vez de fazer um post descritivo acerca do que lá se passou, vou ten-tar transmitir as emoções presentes na sala.
Será pois um post sensitivo.
Primeiramente, enquadremos:
O sentimento que se sente nas ruas é de desânimo, de impotência e de angústia.
No entanto, digo-vos que o que assisti na reunião foi o seguinte:
Um ambiente morno, amorfo sem qualquer tipo de intensidade emocional que vá de encontro aos sentimentos de quem não tem trabalho, que vê o seu negócio falir ou que vive com medo da criminalidade crescente.
Não vi qualquer resquício de solidariedade, preocupação ou empatia para com quem passa dificuldades.
Deixem-me dizer-vos que os únicos momento mais acalorados que vi, foram quando alguém se referiu aos toxicodependentes como vítimas de uma sociedade que os desu-maniza, ou quando se entretiveram em ataques de parte a parte, num agudo síndrome de partidarite aguda.
De resto tivemos até momentos de boa disposição e de bom humor.
Ainda bem.
Ainda bem que existe capacidade de sorrir com facilidade.
Sinal de que a vida lhes corre bem.
Da nossa parte, digo-vos que se calhar muitos de nós cidadãos anónimos, também gos-taríamos de ter essa mesma capacidade.
Era sinal de que a vida nos corria bem também.
Mas não corre.
Vive-se na cidade, um ambiente de angústia e de frustração.
Não se está aqui a dizer, que o ambiente predominante das reuniões de câmara, deve ser um ambiente pesado ou de consternação.
Não. Mas deveríamos de sentir pelo menos algo aparentado com mobilização, preocu-pação ou de urgência.
Urgência no encontrar soluções para os problemas reais dos cidadãos.
Bem sabemos que as soluções para os problemas que vivemos, não são fáceis de encon-trar.
Sabemos também que, milagres não há.
Porém a sensação que tenho, é que nem se tentam encontrar soluções ou caminhos para o estado em que estamos.
Meus amigos, cheira a mofo.
Cheira a coisa antiga a entrar em estado de putrefacção.
E as soluções para os problemas que vivemos, não virão de certeza absoluta, de coisas em putrefacção ou que cheiram a bafio.
Como alguém disse (capitão Salgueiro Maia) há quase 37 anos, estamos perante uma “brigada do reumático”.
Disse também aos seus homens, o generoso capitão na parada da Escola Prática de Cavalaria em Santarém, no dia 24 de Abril à noite:
“Existem vários tipos de estados. Os estados comunistas, os estados fascistas e o estado a que chegámos”.
Dejá vu meu capitão.
Dejá vu.