Páginas do Portimão Sempre

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Ainda a propósito das taxas. Publicamos este texto que recebemos de um comerciante que nos pediu anonimato.

Recebemos este texto por e-mail, de um comerciante desta cidade.

Nós sabemos a sua identidade, porém ele pediu-nos que ao publicarmos este seu texto o fizéssemos, preservando a seu anonimato.

Disse-nos que apesar de ser crítico em relação a este regime de taxas, e de ter vontade em dizer o que lhe vai na alma, tem receio de represálias.

Assim, aqui o fazemos, tal qual como nos foi pedido.


Agora convosco, um comerciante de Portimão:



"Meus Senhores,

Analisando a informação sobre o vosso regulamento de taxas e partindo do pressuposto que o que pretendem é uma caça ao dinheiro para fazer face às despesas que têm vindo a efectuar durante todos estes anos verifico que se esquecem de taxar coisas importantíssimas que certamente trariam muitos milhares de euros de receita aos cofres do Município:

Estendais de roupa coisa esteticamente bela e que se encontram por toda a nossa cidade tanto em prédios novos como antigos, poderiam ainda taxar a roupa e criar uma taxa para as peúgas, as cuecas as calças etc. Imaginem o dinheirão que iriam receber. Poderiam também criar uma taxa para a sombra que os prédios produzem retirando a possibilidade de outros poderem usufruir da luz do SOL que é um fonte de energia não poluente mas que só alguns podem aproveitar. Como é que os Srs. desejam que os munícipes olhem para estas medidas se elas são tão caricatas e absurdas.

Em primeiro lugar e começando pelos aparelhos de ar condicionado a Câmara Municipal deveria ser a primeira entidade a dar o exemplo e mostrar a todos como se instalam aparelhos de AC sem serem visíveis da rua. (Rua Pé da Cruz) fachada lateral da CMP. Será que este também irá pagar taxa?

Os Srs. sabem ou se não sabem os serviços técnicos sabem que a instalação de muitos aparelhos de ar condicionado que encontramos por toda a cidade têm a ver com o técnico que os instalou por este ter agido da seguinte forma: Escolheu o sitio que menos trabalho lhe dava, nunca se preocupando com a estética ou qualquer outra preocupação, e o pendurou onde não devia.

Os serviços de fiscalização da Autarquia viam e não diziam nada e passados todos estes anos vêm aplicar uma taxa como forma de regularizar o que se encontra em situação irregular. O que interessa é pagar taxa o resto já ninguém quer saber.

A autarquia deveria ter uma posição de conselheira sobre o assunto aproveitando os recursos técnicos que possui, daria uma imagem pela positiva apresentando soluções para o problema e ao mesmo tempo melhorando o impacto visual que tais aparelhos criam. Não é criando caixas de alumínio para ocultar os aparelhos que estes ficam mais estéticos. Verifiquem o que encontram na Rua do Comercio e Vasco da Gama Rua Direita e digam de vossa justiça se por acaso melhorou o que está lá instalado. Só piorou o desempenho da máquina que tem de trabalhar no seu interior tornando-a menos ecológica e aumentando o consumo de energia. Quem ganhou? Ninguém todos ficamos a perder.

As antenas e Antenas Parabólicas – Outra realidade que temos na nossa terra mas de mais fácil e económica resolução que os AC. Basta colocar mais uns metros de cabo e todas passarão a estar fora do anglo de visão de quem circula na rua. Mas com a vossa medida ainda incentivam ao aparecimento de mais antenas é mais barato pagar a taxa do que comprar uns metros de cabo. È isto que os Srs querem? As antenas que irão pagar uma taxa mais elevada aqui na cidade serão certamente as antenas da CMP e da PSP. Já agora poderiam englobar nesta alínea as torres de iluminação do Estádio Municipal.

As flores envasadas – Outra ideia genial e que de certeza todas corroboram. Porque será que elas existem? Não me digam que não têm resposta para esta pergunta. Será que elas existem porque alguém pensa tornar a via pública numa exploração de floricultura e sai mais barato o mt2 de terreno no centro da cidade do que comprar ou alugar um terreno na periferia? Se calhar a resposta é mesmo esta….. Pois bem elas só existem penso eu como forma de embelezar um espaço, um canto, ocultar algo que se encontra em piores condições criar um ambiente mais bonito ou acolhedor, delimitação de um espaço previamente concessionado como por exemplo uma esplanada etc. Será que as flores envasadas e colocadas nas sacadas dos edifícios também irão estar sujeitas à referida taxa? Queremos beleza desejamos harmonia e temos de pagar taxa. Esta nem no tempo dos Romanos existia.

Arcas dos gelados – Com esta concordo plenamente mas certamente não irão arrecadar tanto dinheiro com a medida uma vez que vemos cada vez menos arcas a ocupar a via pública. Estas eram constantemente vandalizadas e sai mais barato não as ter do que andar sempre a reparar o irreparável. Se as Arcas tivessem o mesmo serviço de segurança que têm os parcómetros de certeza que haviam muitas mais.

Grelhadores – Será que com esta medida iremos ter novamente a cidade impestada com o fumo dos grelhadores? E bastará tirar uma licença e pagar uma taxa para dizer “ O meu está licenciado, não podem fazer nada contra” ou já se esqueceram o que era o antigo lugar das sardinhas assadas e que os Srs. mataram completamente, uma das grandes atracões que tinha a nossa cidade?. Eles trabalhavam todo o ano e agora onde estão? Quantos dias trabalham de Inverno, há dias que nenhum abre portas. Acabaram com a tipicidade, acabaram com o negócio mataram parte da cidade. E agora querem taxas?

Porque será que na nossa cidade as coisas são sempre tão bem tratadas. Será que não existe visão, será que não conseguimos vislumbrar o futuro? Será que sentados numa secretária projectamos sem ter a mínima noção de como tudo funciona, como circulam as pessoas pela cidade o que fazem o que procuram, o que necessitam? Será que não temos de observar primeiro fazer um levantamento exaustivo da realidade actual e depois encontrar as melhores soluções. As rotinas quebram-se e dificilmente se encontram novamente, as pessoas se dispersam e procuram outros lugares porque foram privadas durante algum tempo (por vezes demasiado) daquilo que tinham e precisavam. Isto tem acontecido com a nossa cidade ao longo destes últimos anos e por isso nem sempre as obras que se fazem têm tido o impacto que desejamos.

A bem de Portimão escrevo estas linhas para alguém ler e meditar."


Um anónimo comerciante desta cidade de Portimão.

2 comentários:

  1. Concordo com esta reflexão.

    Aproveito para referir o seguingte: quanto ao comércio na cidade (rua das lojas etc.) - se o parque de estacionamento ALAMEDA fosse GRÁTIS (com um limite de 2 ou 3 horas . para evitar abusos)muito mais gente iria de agrado fazer compras no centro.
    O parque de estacionamento da nova escola da Bemposta foi um projecto extremamente mal pensado...que pena perderem-se boas oportunidades de projectar e construir com inteligência. O que lá está, é um absurdo para o fim a que se destina: centenas de pais que diáriamnte ali se deslocam para levar e buscar os filhos! Haja paciência para esta
    gente!!

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  2. Compreendo o pedido de anonimato, mas não posso aceitar. Ao que as coisas chegaram!!!! Eu tenho 39 anos. Quando nasci já o 25 de Abril estava na forja e nessa altura, este tipo de atitude era perfeitamente compreensível. Agora não é. Se todos derem a cara, garanto-vos que as coisas mudam. O anonimato é o pasto fértil onde estes animais que nos governam ruminam o que nos roubam.

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