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quinta-feira, 15 de março de 2012

Acerca desta quebra de receitas da CMP? Mas o problema é de agora?!


Acerca desta notícia, gostava de dizer algo.

Há 4 anos em 2008, quando esta crise financeira do chamado subprime, nos começou a assolar, nós vimos um exercício de negação patético por parte do governo de então.

Dizia:
“Estamos a aguentarmo-nos.”
“Em princípio, esta crise não chegará cá.”
“Não estamos expostos a esta crise.”

E outras afirmações do género.

Como é por nós já sabido, a crise veio.
E violenta como não há memória, nos últimos 40 anos, pelo menos.

De imunes, passámos a caso 1 da epidemia.

O responsável por:
1- Termos agravado para lá do imaginável, as nossas contas públicas;
2- Por ter negado a gravidade do problema que aí vinha, para lá da razoabilidade;
3- Por consequentemente não ter agido correctamente na correcção do problema;

O responsável por isto, de nome Sócrates, anda por Paris a tirar o seu “primeiro” curso superior.

Por cá…
Ora por cá…
Que tivemos nós?

Ora nós sabemos desde 2008, que a bolha especulativa imobiliária, estourou.
E sabemos que por cá, para lá do turismo, vivíamos da construção.
Assim o que é que acham que iria acontecer com a construção em Portimão e consequentemente com o IMT?

É mesmo necessário fazer um desenho?

E há aqui uma questão que tem de ser dita e redita até à exaustão:

De 2006 para 2010 (ou seja, bem antes desta queda de receitas nos 2 primeiros meses de 2012) as dívidas a fornecedores aumentaram 1095%.
De 10 milhões para 92 milhões.

1095%.

E as receitas correntes eram de 42 milhões em 2006 e de 45 milhões em 2010.
Portanto, quebra de receitas, não houve nessa altura.
Mas aumento de dívidas, sim

Portanto o problema vem de trás.

Vem de uma altura em que apesar de já haver sinais fortes de recessão, por cá ignorou-se socráticamente, dizendo-se com bravata:
“Isto não é nada connosco.”

Mais.
Vimos eventos, gastos supérfluos e investimentos de rentabilidade muito duvidosa, como nunca.

Quando a crise se estava a instalar, nós vimos bom senso?
Não.

Vimos prudência?
Não.

Vimos racionalidade?
Não.

A crise veio violenta.
E assolou-nos a todos de norte a sul, com extrema ferocidade.
Mas… nuns sítios a crise é pior do que noutros.

E em Portimão, está a ser extremamente severa.
E era previsível.

JP

P.S. Em breve vamos presenciar uma tentativa de mudança na continuidade.
Do género, sai Salazar e entra Marcelo Caetano.
E esta tentativa de mudança na continuidade, terá uma versão masculina e uma versão feminina (esta última, alaranjadamente inclusiva).

Na minha opinião… ambas são más.
Mas má mesmo!

Pois, com o que se terá de fazer para endireitar as coisas, não vamos lá com tretas de mudanças na continuidade.
Sejam elas masculinas ou femininas.

(Perdoem-me este Post Scriptum seráfico.)



2 comentários:

  1. Benevolamente vamos pensar que foi só falta de bom senso, prudência e racionalidade.
    Estou-me a lembrar da exposição "Gosto de Mulheres":
    Comissária: Maria Barroso Soares
    Adjudicada por ajuste directo à empresa "Blue Velvet" do João Soares e esposa por 330.000,00 euros.
    P.S. Análise certeira. Incluindo o P.S.

    FV

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    1. Análise feita com a objectividade e com a acutilância que a situação justifica.
      A escassez de receitas invocada pelo Senhor Presidente da Câmara é, obviamente, uma desculpa esfarrapada; e é rigorosamente verdade que, se a legislação vigente tivesse sido respeitada, Portimão não teria chegado a este caos.
      Mas, para mim,o que me causa maior perplexidade é pretender-se, exactamente neste ano em que "não há dinheiro para mandar cantar um cego", a colaboração dos munícipes na elaboração de um "orçamento participativo", com disponibilização, para o efeito, de uma dotação no valor de um milhão de euros.
      Pela parte que me toca dispenso, uma vez que:
      - por um lado, não quero ficar com peso na consciência por contribuir para que mais alguns desgraçados se constituam como credores do município;
      - por outro lado, não gosto de restos, preferia que tivessem pedido a minha intervenção quando "chovia" dinheiro;
      - finalmente, não colaboro em folclores de pré-campanha eleitoral.

      Um Portimonense Inconformado

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