Páginas do Portimão Sempre

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Acabei de ler este livro: Os Portugueses. De Barry Hatton.


Este livro é na minha opinião, absolutamente extraordinário.
O autor é um Inglês que já mora em Portugal desde 1986.
Casou-se com uma Portuguesa, já tem filhos Portugueses e ele próprio… já é Português.
É Inglês… mas já é Português.
Como ele tem uma cultura diferente da nossa, mas como já compreende muito bem a nossa também, faz uma descrição e uma análise do nosso povo e história, extremamente acutilante e certeira.
Simples, directo, franco, duro, mas apaixonado com esta nossa forma de sermos Portugueses, Barry Hatton explica o porquê do fado e do nosso fado ao longo da história.

Tece também umas palavras acerca do Algarve, de que transcrevo excertos:
“O desenvolvimento do turismo no Algarve a partir dos anos sessenta foi, durante muito tempo, um esquema para enriquecer rapidamente que sacrificou muito do carácter da região mais a sul…
… A forma como as esferas privadas e públicas foram coniventes… foi quase um sacrifício ritual da galinha dos ovos de ouro.
… O Algarve continua a ter praias fantásticas, mas falta-lhe profundidade, tendo sido desenhado com a ideia em mente de uma quinzena de férias na praia.”

Acerca do poder local aplicado às cidades da “província”:
“…As cidades da província parecem ter sido planeadas na costas de um guardanapo, durante o almoço.”
“Lisboa tem o dobro dos funcionários, em termos relativos, do que a capital espanhola. Tal como a generalidade dos restantes municípios, em comparação com os municípios espanhóis, em termos relativos.”

Acerca do povo:
“Os Portugueses são amistosos, mas também irascíveis, deferentes, mas indómitos, apáticos e humildes, duros e ousados, compassivos, mas irados, submissos e belicosos, sempre à espera que a sorte lhes sorria, boa companhia, conciliadores e diplomáticos, bem como efusivos e espontâneos, dados a perder as estribeiras, mas eminentemente sensatos, com a tristeza na alma, mas a jovialidade na natureza.”

Meus amigos,
Recomendo vivamente.

3 comentários:

  1. Impecável!

    Embora actualmente, julgo que nenhum algarvio deverá ignorar a verdadeira história por detrás da "galinha dos ovos de ouro", acho que este tipo de visão exterior (não deverá ser o único a ver as coisas assim lá fora, certo?) deveria ter mais atenção cá por dentro, por parte dos respectivos responsáveis:

    “O desenvolvimento do turismo no Algarve a partir dos anos sessenta foi, durante muito tempo, um esquema para enriquecer rapidamente que sacrificou muito do carácter da região mais a sul…
    … A forma como as esferas privadas e públicas foram coniventes… foi quase um sacrifício ritual da galinha dos ovos de ouro.
    … O Algarve continua a ter praias fantásticas, mas falta-lhe profundidade, tendo sido desenhado com a ideia em mente de uma quinzena de férias na praia.”


    Se por um lado é impossível conseguirmos mudar o princípio da história, é mais do que certo que ainda vamos a tempo de conseguirmos mudar o final da mesma!

    NUNCA É TARDE PARA MUDAR!

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  2. Sem dúvida Vitor Madeira!

    Está na nossa mão mudar o fim da história!
    Não é fácil...
    Mas também se fosse não teria graça!

    É que o autor defende que só perante desafios "impossíveis" é que o Português se transcende.
    Perante as tarefas mais simples, desleixa-se...
    Mas perante as "odisseias" range os dentes e concretiza todo o seu potencial!

    Nunca é tarde para aprendermos quem realmente somos!

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  3. Eu também já li este livro e é sem dúvida espetacular. Recomendo vivamente! Fiquei impressionada com os pormenores que ele consegui retratar e que tão bem nos caracteriza. Faz nos sentir muito orgulhosos de sermos portugueses.

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