Páginas do Portimão Sempre

domingo, 3 de julho de 2011

"Novo Conselho Consultivo Municipal de Trânsito de Portimão". Boa iniciativa mas, consequência de má planificação.


O Conselho Consultivo Municipal de Trânsito de Portimão, um órgão composto por diversos membros da sociedade local, foi apresentado esta quinta feira, 30 de junho, com o objetivo de contribuir para uma cidade “mais sustentável”.

De acordo com a câmara de Portimão, este conselho integra cidadãos independentes, representantes das forças da ordem e de serviços autárquicos, associações de comerciantes, bombeiros, organismos ligados aos transportes públicos e presidentes de juntas de freguesia.

Na apresentação da nova estrutura, o presidente da Câmara Municipal de Portimão, Manuel da Luz, sublinhou que o principal objetivo “é criar um órgão que aconselhe, de forma refletida, os responsáveis pelas políticas de trânsito para as dificuldades do quotidiano”.

Trata-se, afirmou, de um “factor estratégico numa cidade que se quer sustentável e na qual a mobilidade é de capital importância para a qualidade de vida dos munícipes, para a competitividade dos agentes económicos e para o conforto dos turistas que nos visitam”.

O autarca acredita que, “para além das soluções engenhosas ou disciplinadoras que possam ser encontradas, a autodisciplina das pessoas será também muito importante”, tendo destacado a diversidade de técnicos e líderes locais que compõem este “órgão plural, onde se reúnem várias sensibilidades políticas e no qual a liberdade de expressão será importantíssima”.

Nesta primeira reunião, foi escolhida a respetiva comissão executiva, cuja missão será reunir periodicamente para analisar os problemas detectados e sugerir as soluções mais adequadas, por exemplo, na melhor localização das paragens dos transportes públicos, como orientar o trânsito na zona antiga da cidade, ou quais as políticas a adotar no tocante ao parqueamento.

Fonte:
http://www.regiao-sul.pt/noticia.php?refnoticia=117538#.Tg-UCMNJ7TU.facebook


Acerca deste assunto, apenas desejo dizer o seguinte:

Em princípio é uma boa iniciativa.
Porque todas as iniciativas feitas num propósito de resolução dos problemas, são por definição positivas.
Agora, este é um sintoma de um problema que existe aqui em Portimão, e em muitas outras cidades do país.
E esse problema é:
Um fraco ou mesmo ausente planeamento.
O problema do trânsito é algo que se pode antecipar.
Não é fácil, mas é possível.
Porque se é feito com eficácia em outros países (ou mesmo por cá) então não vejo razão para que não seja feito em Portimão.
Portimão teve a mesma filosofia (ou tendência política) há décadas.
Não vejo razão para que não tenha havido um muito mais eficaz processo de planeamento urbanístico e (neste caso em concreto) de trânsito.
A necessidade desta medida (que é muito meritória) é fruto do natural e muito expressivo aumento da população em Portimão, mas muito devido também à falta de planeamento.
Por cá, em Portimão em termos de política autárquica, não se age.
Reage-se.
E este, é até um bom exemplo de reacção.
Louva-se portanto a iniciativa, porque é meritória.
Mas teria preferido a prevenção do problema.

Ficam já agora, outras sugestões de reacções a outros problemas que temos, visto que a antecipação dos mesmos, ou não existiu ou falhou.
Assim propomos a criação dos seguintes conselhos consultivos Municipais:

Conselho consultivo Municipal para a segurança.
Conselho consultivo Municipal para a actividade económica e desemprego.
Conselho consultivo Municipal para o urbanismo.
Conselho consultivo Municipal para a revitalização da zona antiga e do comércio tradicional.
Conselho consultivo Municipal para a revitalização do turismo.
Conselho consultivo Municipal para a emergência social.
Conselho consultivo Municipal para o saneamento financeiro da CMP.
Conselho consultivo Municipal para a reestruturação da CMP.

São tantos os problemas de grande magnitude que poderiam ter sido evitados com uma boa planificação e gestão, que é possível fazer-se o "milagre da multiplicação" dos conselhos consultivos.

Perdoem-me a ironia...


Agradeço a atenção.
João Pires

6 comentários:

  1. J.P.,
    Obrigado pelo lúcido e acutilante comentário à criação deste conselho consultivo.
    De regresso à minha cidade, à qual mantenho permanente contacto político e social via familiares e, sobretudo, via “Portimão Sempre”, é com preocupação e tristeza que constato a sua decadência, a todos os níveis.
    Quem passa longas temporadas ausente vê-a com outros olhos face aos contrastes e comparações entre o passado recente e o que no regresso presencia.
    Para quem aqui vive permanentemente, a rotina encarrega-se de conformar a vista e atenuar a natural irreverência. Excepto, claro, a quem arregaçou mangas e leva por diante este nobre projecto de querer mudar e fazer mais pela cidade/concelho.
    Agora, depois da falta de previsão do futuro, submetidos há décadas aos interesses da especulação imobiliária que comandou efectivamente o urbanismo da cidade, que lhe traçou as vias que têm tanto de sinuosas como de pouco racionais; que lhe aumentou a densidade para um nível louco e que só é compreensível no sentido em que a ganância cega e enlouquece; que lhe subtraiu, aniquilou e secou os melhores e mais férteis terrenos, onde em criança cheguei a apanhar fruta à socapa e “armar aos pássaros” (não que me orgulhe, mas era assim!), vêm os nossos politicos pedir consensos, para repartirem e atenuarem responsabilidades, numa matéria que na conjuntura actual até já nem me parece pertinente.
    Estes senhores andam com o relógio da vida social e económica desregulado, atrasado. É como diz, não agem, reagem. Se me permite, acrescento: e ainda por cima reagem tarde e a más horas!
    Muito sinceramente, tenho um sonho. Não sei se daria resultado, mas faria a experiência. Acho que valia a pena tentar. E como é um sonho, até posso exagerar.
    A todos, mesmo àqueles que lá estão no poder e se acham predestinados da política, do mais humilde munícipe ao mais ilustre, obrigaria a um “estágio”, a uma vivência, de um ano ou dois (os mais lerdos teria de ser três), com explicador (muito importante: com explicador), naquilo que se costuma dizer: “lá fora”. Alguma coisa haveriam de aprender! E alguma coisa todos ganharíamos!
    Ficar eternamente na sua terrinha a fazer sempre as mesmas coisinhas, com as mesmas pessoas, da mesma maneira, sem alargar as vistas, só pode dar mau resultado para a vida em sociedade a para a economia de uma região, de um país.
    Lembro-me logo e faço um legítimo paralelismo desta situação com as escolas do interior com poucos meninos que têm de se fechar para que eles, convivendo com outros meninos, doutros sítios, aprendam mais coisas e tenham mais oportunidades neste mundo que não pára e penaliza fortemente quem se distrai e quem se atrasa.
    Recordo-me, ainda a propósito das escolas, de ter visitado há décadas, ainda criança, a aldeia de meus avós, no interior, já em início de desertificação e dos poucos meninos da minha idade fugirem de mim, de olhares assustados, como se de pequenos bichos se tratassem. Não devem ter tido um futuro muito brilhante, esses meninos isolados.
    Não teremos nós por cá futuro melhor se continuarmos tão lentos e a ficar para trás.

    Cumprimentos
    Clarisse

    PS – Já agora também sugeria um conselho para análise e reposição das pedras de calçada nas crateras existentes nos passeios do Miradouro e da Tomás Cabreira. O serviço até é baratinho, mas têm de se apressar que o Verão já começou e aqueles danos repercutem-se nos tornozelos dos turistas e na imagem da região.

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  2. Clarisse!!
    Há quanto tempo!!
    Sempre um gosto em tê-lo por cá.

    Deixe-me retribuir a gentileza:
    O seu comentário é que é lúcido e acutilante.
    Especialmente no que diz respeito à ausência de horizontes, de visão e da tacanhez da pretensa elite indígena que decidiu e continua a decidir os destinos desta terra.

    Isto é o que é.
    Somos governados por gente de olhos postos no chão.
    Faltam horizontes largos.
    Falta capacidade de visão.
    Falta liderança.

    Mas amigo Clarisse, antes disto tudo ainda falta uma coisa essencial.
    Uma discussão franca e aberta.
    Uma discussão de horizontes largos.

    Sabe, este modesto espaço ao longo destes meses, tem crescido.
    Para lá do blog, existe uma página de perfil, um grupo e uma página pública do Portimão Sempre, no Facebook.
    A página de perfil tem 3500 pessoas e o grupo 2000.
    Eu não sei se tem assistido à discussão que tem existido no facebook do Portimão Sempre.
    Espero que sim, pois a ferramenta do blog está a cair um pouco em desuso.
    As pessoas preferem o facebook, neste momento.
    E comentam lá estes posts, que são publicados no blog.
    Mantenho o blog, porque ainda é melhor ferramenta de edição do que o equivalente no facebook.
    Mas os comentários são feitos lá.
    As pessoas lêem aqui e comentam lá.

    Eu não sei se o amigo Clarisse tem acompanhado a discussão por lá.
    Mas, caso tenha ou caso não tenha, eu gostava de lhe fazer uma sugestão, de qualquer das maneiras.

    Crie um personagem Clarisse e participe no facebook.
    Pegue numa fotografia da Jodie Foster do filme “o silêncio dos inocentes” (há muitas disponíveis online) e crie um personagem com o nome Clarisse.
    Mantém-se anónimo, mas permite-lhe a participação.

    Sabe, a discussão está no auge desde que isto foi começado.
    Têm aparecido muitos intervenientes, sendo que alguns são responsáveis políticos dos diversos quadrantes.
    Mas sinto que fazem falta, intervenientes com os horizontes bem mais abertos.
    Com mundo na bagagem!

    Penso que a discussão sobre Portimão tem de levar com um upgrade.
    Muito mais do que as conversas comezinhas e do jeito de debater os assuntos, da maneira do costume.

    Mas para isso, faltam intervenientes com esse perfil.

    Clarisse,
    Você faz lá falta.

    Há lá responsáveis políticos (dos diversos partidos) que “precisam” de ouvir a sua acutilância, lucidez e largueza de horizontes.
    E todos os outros, também.

    Faça-nos lá esse favor.

    Muito obrigado e um abraço,
    João Pires

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  3. Cada vez mais me convenço que os políticos até têm muita vontade, mas na verdade NÃO CONSEGUEM FAZER NADA!

    Agora cria-se um "Conselho Consultivo"...

    Mas quantas equipas para opiniar/falar/decidir sobre o mesmo serão necessárias num município de 50.000 habitantes...?

    Temos não-sei-quantas empresas municipais, temos Departamentos de Planeamento, temos Divisões de Trânsito, temos dirigentes políticos, temos Juntas de Freguesia... E agora, passamos a ter mais uma razão para "pedir à perna direita para poder mexer a esquerda"...

    E com isto, lançam-se notícias, fotos, novas equipas, fazem-se reuniões, etc... Mas alguém tem dúvidas de que TUDO continuará a ficar na mesma?

    Quem manda são os interesses imobiliários, a especulação, OS RICOS e PODEROSOS... Não são os partidos políticos... e muito menos o povo que anda sempre um passo atrás no conhecimento da verdadeira actualidade política, social e económica... Quem manda é quem manipula, quem opina e quem tem dinheiro para poder "esbanjar" em coisas supérfluas e não imediatamente necessárias para a sustentação das populações...

    Raios... Desculpem-me a franqueza, mas a meu ver, caminhamos a passos grandes para uma situação idêntica à da Grécia...

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  4. Caro anónimo das 15:12,

    Concordo com o que disse em praticamente tudo.
    Eu acho que o grande problema é a ausência de um posicionamento estratégico para a cidade.
    Se houvesse, esta questão nem existiria pois haveria muito mais antecipação do que reacção às questões.
    E é claro... Os interesses.
    Sempre os interesses.
    Há que mudar de vida...
    Senão ver-nos-emos literalmente gregos com esta situação.

    Agradeço a atenção
    João Pires

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  5. Vocês ainda acreditam nos políticos? Então também acreditam no PAI NATAL

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  6. Todos fazemos politica, todos somos politicos, todos, um dia pelo menos na vida, fazemos de Pai Natal.

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