Páginas do Portimão Sempre

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Sugestões para o trânsito em Portimão. Por Ricardo Palet.

Na sequência do solicitado pelo “Portimão Sempre”, venho por este meio apresentar algumas ideias que defendo para a melhoria das condições de trânsito da cidade de Portimão, algumas das quais considero que, pelo seu carácter pontual e limitado no espaço, podem vir a resolver constrangimentos existentes sem a necessidade de envolver elevados custos económicos na sua resolução.

Atendendo ao carácter não sistemático da presente reflexão, onde apenas reflicto sobre algumas das situações que mais saltam à vista, fruto do meu percurso habitual pela cidade (acrescido de alguma curiosidade profissional) considero que deveria ser desenvolvido um estudo de trânsito / de ordenamento viário à escala global da cidade, onde poderiam aí sim ser analisadas em pormenor todos os constrangimentos e procurar soluções para os mesmos.

Feito este ponto de situação, que considero importante, apresento pois algumas considerações que posso dividir nos seguintes grupos :

1. Supressão de zonas de elevada sinistralidade (pontos negros rodoviários) através de pequenas intervenções de reduzido custo
2. Simplificação viária via eliminação semafórica e/ou alteração de sentidos de circulação
3. Sinalização Vertical de Orientação
4. Medidas estruturais de ordenamento viário, através de investimentos de maior custo econónimo
5. Implementação de um Plano Municipal de Segurança Rodoviária

Passo seguidamente a apresentar cada uma das questões acima referidas, com apresentação de geometrias de alguns exemplos ilustrativos do que poderia ser implementado :

1. Supressão de zonas de elevada sinistralidade (pontos negros rodoviários) através de pequenas intervenções de reduzido custo

As situações que seguidamente descrevo caracterizam-se por elevada sinistralidade ou causadoras de perturbação/incómodo ao tráfego afluente às zonas adjacentes. Assim como as situações que pretendo demonstrar, existirão muitas outras que com um relativamente reduzido investimento poderiam ser solucionadas, bastando para tal algum investimento no estudo das suas causas e/ou análise das soluções alternativas.

Tomo pois como exemplo as seguintes situações :



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Embora não se conhecendo o “proprietário” desta via (C.M. Portimão ou Estradas de Portugal) julgo que deveriam ser envidados todos os esforços no sentido de solucionar este estrangulamento – recordo que a actual passagem sob o Caminho de Ferro não tem mais de 2,5 m de largura e 3 m de gabarit vertical.




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Situação verdadeiramente singular, este atravessamento de nível entre uma via urbana no centro de Portimão e a Linha do Algarve da CP, para além do facto de ser caso quase insólito no país em cidades da dimensão da nossa, representa uma situação de risco muitíssimo elevado, para além do carácter de conflitualidade que provoca no tráfego em toda a zona onde se insere, para mais tendo em consideração de se situar próximo duma grande superfície comercial.


2. Simplificação viária via eliminação semafórica e/ou alteração de sentidos de circulação

Analisadas a maioria das situações da cidade em que se encontra presente sinalização semafórica enquanto gestora do tráfego,verifica-se que na maioria dos casos a mesma poderá e deverá ser suprimida, o que nalguns locais tem vindo já a ser implementado.

Para além do custo de manutenção e de energia de cada conjunto semafórico, e atendendo ao que se verifica nas situações de interrupção do serviço, julgo que poderá ser suprimida a sinalização semafórica nas seguintes situações (entre outras não identificadas) ainda que com recurso à implementação de sinalização específica ou alteração da geometris do cruzamento :

- cruzamento da PSP
- cruzamento da Av. São João de Deus
- Av. Paul Harris (cruzamento com Urbanização da Raminha – implementação de solução tipo Rotunda fechada)
- cruzamento do Cemitério (a analisar em detalhe) ??
- etc

Relativamente à possibilidade de alterar ou implementar dois sentidos de circulação de trânsito, e embora à partida estas situações possam parecer de análise a conclusão simples, e uma vez que envolvem a reorganização viária em muitos casos
muito ampla, considero que deverá ser devidamente estudada em pormenor, embora à partida se possam identificar algumas hipóteses, nomeadamente na Av. Infante D. Henrique (alteração do sentido de circulação - discutível), na Av. S. João de Deus
(implementação de dois sentidos de circulação) junto à Praça Teixeira Gomes (implementação de dois sentidos de circulação – ver descrição mais à frente), etc.


3. Sinalização Vertical de Orientação

Esta é uma daquelas questões que atravessa toda a rede viária da cidade, uma vez que sem um sistema de sinalização simples,coerente e objectivo não será possível manter e garantir qualquer sistema rodoviário numa cidade, em especial no caso de Portimão, cidade apelativa do ponto de vista do turismo e que devia garantir a quem a visita a facilidade na sua circulação, seja do ponto de vista de garantir aos visitantes o fácil acesso aos pontos pretendidos (praias, museu, teatro municipal, etc) como
garantir com rapidez e simplicidade a entrada e saída na cidade.

Torna-se pois urgente a implementação de um modo sistemático em todos os cruzamentos, rotundas e principais eixos de um sistema de Sinalização Vertical de Orientação claro e objectivo que consiga garantir aos utilizadores/clientes da cidade todos os objectivos atrás referidos, de modo a não se repetirem situações que todos conhecemos de visitantes que após conseguirem desenvencilhar-se da nossa cidade, tão cedo não nos voltam a visitar…

4. Medidas estruturais de ordenamento viário, através de investimentos mais avultados

Este capítulo é dedicado às grandes e estruturais opções rodoviárias cuja necessidade de implementação urge resolver, ainda que, tendo em consideração os elevados custos envolvidos, deverão obedecer a uma calendarização que deverá ter em
consideração a sua real eficácia.

Tendo em consideração o Plano Rodoviário Municipal previsto pelo Município, julgo que deveria ser dada prioridade à construção da Via V2 , que se inicia no Cruzamento entre a Av. Paul Harris (continuação do Túnel das Cardosas) e a Av. V6 e termina na
zona da Bemposta/Montes de Alvor, que, conjuntamente com a Via V10 (alargamento e beneficiação da EM531 entre o Nó de Alvor da A22, passando pelo Aeródromo e terminando na Via V2) permitiria concluir outro eixo estruturante e decisivo.

Refere-se que ambas as Vias V2 e V10 se encontram incluidas na revisão do Plano Director Municipal de Portimão, publicado em Julho de 2010, enquanto “Grandes equipamentos e infra-estruturas previstas para o Município” – art.º 70.º daquele regulamento.

Aliás os projectos base destas vias foram mandadaos executar pela autarquia nos entre 2000 e 2002, apenas necessitariam de ser actualizados e revistos.

A conclusão do Nó de ligação entre as vias V2 e V6 permitiria introduzir um ramo de ligação entre a Av. Paul Harris e a a via V6,no sentido Sul/Norte em direção à Rotunda da Pedra Mourinha.

Julgo todavia que a maior urgência passaria pela criação da “Circular Nascente a Portimão”, via verdadeiramente estruturante,que ligaria a Rotunda do Hospital do Barlavento (que seria redimensionada) à chamada “Ponte Velha” sobre o Rio Arade, que liga os Concelhos de Portimão e Lagoa.

Esta via, de que se anexa um Esboço da sua localização, teria uma Rotunda Central junto ao Pavilhão Arena, que permitiria o acesso fácil a esta infraestrutura, à Estação Ferroviária e ao eventual Terminal Rodoviário, a localizar em zona adjacente,
eventualmente nos terrenos onde se situam actualmente as instalações da “EVA”.

A extensão desta Via seria de aproximadamente 1700m, constituidos em parte por um viaduto sobre o Caminho de Ferro com uma extensão aproximadamente de 450m, passando ainda em Viaduto sobre o estacionamento dos restaurantes “das Sardinhas” e terminando numa Rotunda a construir no final da Ponte Velha e o inicio da Av.Infante D. Henrique. O custo estimado de construção desta via seria da ordem dos 3.500.000 €.

Esta Circular, a par da introdução de dois sentidos entre a Praça Manuel Teixeira Gomes e a zona Ribeirinha de Portimão(através de solução em túnel a iniciar junto á capitania, através da demolição de edificações no querteirão da Casa Inlglesa, ou
através de uma solução de nível), o que permitiria que quem viesse da zona da Praia da Rocha poderia aceder à zona de confluência das ruas Júdice Biker e Sta Isabel, permitiria a criação de uma verdadeira Circular á cidade que de uma vez por todas
retirariam do centro da cidade muito do tráfego que lá hoje circula por falta de alternativa.




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Notar o traço do tunel por debaixo do Largo do Dique




5. Implementação de um Plano Municipal de Segurança Rodoviária

Para fazer frente ao problema da sinistralidade urbana rodoviária, que tem vindo a crescer ano após ano, a autarquia deverá avançar para a execução de um Plano Municipal de Segurança Rodoviária (PMSR) instrumento importante para o combate à
sinistralidade dentro das localidades.

Este tipo de Planos tem como objectivo a abordagem de uma forma sistemática das questões da segurança rodoviária, que deveria estar presente em todas as intervenções feitas pelos municípios, de modo a que, seja em obras de saneamento, de
construção de passeios ou quaisquer outros em espaços públicos, exista sempre a preocupação de melhorar as condições de segurança rodoviária nesses locais.

Os objectivos estratégicos dos PMSR passam pelas seguintes áreas de actuação :

a) Educação cívica, escolar e profissional
b) Comportamento dos condutores
c) Melhoria da infra-estrutura
d) Estudos sobre segurança rodoviária
e) Cooperação e coordenação entre autoridades
f) Comunicação

Procurando dessa forma identificar, nomeadamente grupos de risco (condutores, peões, efeito do alcool, etc) e factores de risco(velocidade, dispositivos de segurança, locais de risco acrescido, veículos, etc)

Aqui ficaram pois apenas algumas ideias de quem gostava de poder através delas contribuir para uma discussão séria sobre este assunto de vital importância para o bem estar dos residentes e de quem nos visita.

À vossa disposição

Ricardo Palet Ferreira de Almeida




7 comentários:

  1. Impecável!

    (só faltou referir o projecto para o túnel norte/sul na rotunda do Continente da V6 e a vergonha de rotunda existente no largo Gil Eanes...)

    Por outro lado, o Manuel da Luz recebe assim uma excelente pré-campanha eleitoral para as próximas eleições autárquicas (recordam-se que pouco antes das últimas eleições, as rotundas nasceram como cogumelos um pouco por toda a cidade?)

    Mas querelas à parte, este seu trabalho merece a admiração dos portimonenses! Haja boa vontade e sobretudo dinheiro (que, segundo se sabe, é coisa rara por estas bandas actualmente...)

    Siga o debate!

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  2. Dar atenção a relatórios profissionais precisa-se. Quando existem, bem feitos, sem pretensões politicas e partidárias e onde o objectivo eh a melhoria do bem publico deve ser aproveitado e reconhecido.

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  3. Há aqui umas excelentes ideias. Haja vontade e dinheiro (mas também hão-de haver esquemas - onde há políticos metidos há esquemas)que é o mais dificil de arranjar.
    Esta executivo só pensa em festarolas e esquemas.
    Quanto às ideias gostaria de aplaudir.

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  4. E quem vai pagar pois se bem entendo o Pais nao tem dinheiro. Ou entao e para daqui a 30 anos como a marginal da zona ribeirinha.

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  5. Será que este profissional não sabe que não há condições para megalomanias?
    Meu caro, isto não é o kuwait, isto é um autarquia falida graças à gatunagem que por aqui grassa.
    Essas suas ideias por muito interessantes que possam ser, neste momento, são aquilo que determinadas agências de rating dizem do nosso país.

    Jorge Ferreira

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  6. Este trabalho é, a todos os níveis, excelente. Parabéns.
    Existem, no entanto, pequenas coisas que se poderiam corrigir se houvesse um mínimo de competência (o que parece estar ausente).
    Não sei se já repararam no que se encontra na V6 (sentido sul-norte) à entrada da rotunda da Pedra Mourinha.
    Primeiro um semáforo, um metro à frente sinalização no pavimento para se dar prioridade de passagem a quem, vindo da esquerda, quer entrar na bomba de gasolina da BP e mais uns metros à frente sinais de perda de prioridade para entrar na rotunda.
    Ainda hoje quase assisti a um acidente porque, quando o semáforo passou a verde, um condutor (possivelmente um turista) avançou até à entrada da rotunda, sem dar passagem a outro veículo que, vindo da esquerda, desejava entrar no posto de abastecimento.
    Será que não há ninguém que veja isto ????

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  7. Concordo com tudo o que foi dito, mas penso que não seria de esquecer o que se passa com o próprio Largo Gil Eanes, onde já começaram umas obras ridículas e que ficaram totalmente inacabadas. Já para não falar na rede de esgotos daquela zona, visto que o cheiro nauseabundo que se faz sentir em determinados dias é completamente insuportável!

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