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domingo, 18 de setembro de 2011

Presidente da Andaluzia critica portagens na Via do Infante


O presidente da Junta da Andaluzia alertou que a introdução de portagens na Via do Infante (A22) pode ter "repercussões negativas" nas relações transfronteiriças, numa carta enviada ao homólogo da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve.

José António Griñan deu a conhecer o teor da carta aos meios de comunicação social espanhóis na sexta-feira, em Huelva (Espanha), e pediu ao presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, João Faria, para transmitir ao Governo português que é necessário "adaptar" a portagem à realidade das regiões vizinhas dos dois países.

Griñán, citado pelo jornal El País, mostra-se "preocupado" com o impacto que a medida pode ter e considerou que afectará a entrada no Algarve a partir da Andaluzia e "as tradicionais relações económicas e sociais que unem" as duas "regiões irmãs".

O presidente do governo regional autónomo da região do sul de Espanha referiu ainda que em 2010 foi criada a Euro-região Alentejo-Algarve-Andaluzia com o objectivo de "pôr em prática projectos comuns, de planificação estratégica", apostando na "potencialidade da cooperação transfronteiriça".

Apesar de não se opor à introdução de portagens, que disse "integrar a política de contenção de despesa e de aumento de receitas do Governo português", Griñán advertiu na missiva que a medida "poderá ter uma repercussão negativa no plano económico e social, prejudicando assim o grande trabalho que estas regiões vêm realizando".

O governante pediu a João Faria para, na qualidade de membro e copresidente da Euro-região, transmitir ao Governo do PSD, liderado por Pedro Passos Coelho, a "preocupação" da Junta da Andaluzia sobre a matéria.

A Lusa tenta desde sábado obter um comentário da CCDR Algarve à carta enviada por José António Griñán, mas até ao momento não conseguiu obter uma resposta.

A posição do presidente do governo autónomo andaluz vem juntar-se à do alcaide de Ayamonte, António Rodriguéz, que também alertou para as consequências negativas da introdução de portagens na Via do Infante.

Rodriguéz disse que o pagamento de portagens na autoestrada que liga o Algarve de Vila Real de Santo António a Lagos "terminará com o fluxo de turismo que há no sul de Portugal e na Andaluzia ocidental" e a medida "não será boa para ninguém", nem mesmo para "os próprios municípios portugueses".

O autarca de Ayamonte frisou que "há um fluxo de turistas que entra diariamente nas duas zonas limítrofes da fronteira e que é difícil de quantificar" e que, com o sistema de pagamento revisto, "esse fluxo de turistas desaparecerá".

Em Abril, durante um protesto contra as portagens que juntou portugueses e espanhóis numa marcha lenta realizada na Ponte Internacional do Guadiana, Rodriguéz já tinha dito que o pagamento da autoestrada iria representar "um retrocesso de 30 anos" na mobilidade entre os dois países.

Também representantes dos partidos políticos espanhóis Izquierda Unida (IU) e Partido Popular de Ayamonte criticaram na altura a decisão do Governo português de portajar a Via Infante por recearem graves prejuízos económicos para a província de Huelva.

Numa conferência de imprensa conjunta realizada em Ayamonte com elementos da Comissão de Utentes da Via Infante, António Miravent Martín (IU) e José Maria Mayo (PP) consideraram necessário alertar a população espanhola para a necessidade de combater a introdução de portagens na Via Infante e os efeitos negativos que a medida iria provocar dos dois lados da fronteira.

Fonte: Jornal de Noticias
Link: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=2003224&page=1



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