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sábado, 20 de outubro de 2012

Anarquia Mundial. Artigo de opinião de Antonieta Guerreiro.

O professor Adriano Moreira terminou a sua intervenção na conferencia, intitulada “Entre o Poder da Palavra e a Palavra do Poder”, organizada pela Plataforma Ativa da Sociedade Civil, que teve lugar no Instituto de Defesa Nacional, no dia 10 de Outubro: «Nesta viragem para o novo Milénio, vivendo uma espécie de anarquia mundial, na qual os centros de poder legais tendem para exíguos, e os detentores do poder efetivo para anónimos, faltam as vozes com poder para desafiar as vozes desses poderes efetivos. Alguém lembrou serem tempos de voltar a meditar sobre O Grande Inquisidor, um texto imortal de Dostoievski. O grande inquisidor, em Sevilha onde reinava a inquisição, e no dia seguinte a um ato de fé em que foram queimados 100 hereges, apareceu Cristo. Logo foi mandado prender pelo Grande Inquisidor, que lhe condenou os milagres e a piedade, ofensivos da ordem. Cristo apenas sorri brandamente perante o pessimismo inquisitorial. Não escrevera, tinha deixado a palavra. Na anarquia mundial em que vivemos perigosamente, faltam os que retomem a palavra encantatória». Para Adriano Moreira a palavra encantatória é proferida pelo líder carismático que perdoa o seu inquisidor e que nesse sentido se eleva e santifica, deu disso vários exemplos como Gandhi, Mandela ou Martin Luter King.
 
Neste momento tão especial de grandes manifestações nacionais e globais, onde rapidamente a sanidade e a justiça se transformam no seu oposto roçando a incoerência e a insanidade, parece-me que se Jesus estivesse reencarnado e ao nosso lado rapidamente O matávamos devido à falta de visão, de reconhecimento e de serenidade que permeia o coração da humanidade.
 
A anarquia não é sinónimo de caos, antes significa “sem governantes”, ou seja sem princípio regulador de Leis, sem coerção, mas onde há ordem. Não uma ordem imposta mas uma ordem natural, orgânica, baseada na democracia sinergética e heterártica. Nesta arquitetura todos os participantes cooperam de forma independente para realizar os seus objetivos e todos têm direitos iguais no acesso a recursos. Os sujeitos comunicam entre si através de mensagens claras e transparentes às quais todos os elementos têm acesso, possibilitando sinergias positivas onde todos ganham. Desta forma a democracia heterárquica e sinergética, são compatíveis, não só, com uma anarquia global que se instalou, mas também, uma democracia direta ou semi-direta que os cidadãos do mundo parecem reclamar. Exemplo disso é por exemplo o “Projeto Venus” iniciado em 1975, em Venus, Flórida, por Jacque Fresco e Roxanne Meadows. Este projeto divulgado nas universidades e nas redes sociais pelo “Zeitgeist Movement” defende algo que tem sido amplamente colocado em causa, fruto da crise mundial: - a relação entre o valor e preço que as coisas têm. Nesse sentido têm sido feito o apelo para que seja alterado o paradigma em que está assente a economia atual. Isto é, que deixe de estar baseada no lucro e passe a estar baseada nos recursos. Quem se dedicar a olhar de forma imparcial todos estes fenómenos sociais compreende as suas corelações e compatibilizações. Pergunta então o(a) leitor(a), o que falta para fazer a mudança quando se torna evidente que de mês para mês há menos dinheiro a circular. Se é uma evidência que o dinheiro sai dos nossos bolsos na forma de impostos e já não regressa, então, poder-se-á concluir que, muito rapidamente, todos nós deixaremos de ter liquidez. Impõe-se uma questão: - Porque é que as instâncias nacionais e internacionais com competências para o efeito não procedem a alterações no sistema para que se criem, em escala, mecanismos de mudança? Há vários projetos sociais em curso espalhados pelo mundo que nos comprovam que é possível conviver com sistemas mistos como o projeto social da Cidade de Deus, no Brasil que tem moeda própria, ou o projeto TEM na cidade de Vólos, na Grécia que compatibiliza créditos informáticos com o Euro. Volto ao início deste artigo e medito nas palavras de Adriano Moreira. Vivemos uma anarquia mundial, onde o poder instalado ainda não compreendeu que já não tem qualquer Poder, mas continuam a faltar as vozes encantatórias que nos conduzam aos processos de mudança.

Antonieta Guerreiro

1 comentário:

  1. Concordo plenamente ,só que, o poder continua a ser poder e não concordo que o poder já não tem qualquer poder, porque enquanto, as nossas palavras não tiverem poder de mudança,de alterar os sistemas,de terminar com a anarquia mundial a força do nosso pensamento, das nossas palavras ,do nosso querer ,será dificilmente ouvida porque os interesses e a ganancia tomaram conta do mundo. A nível nacional deixo claro que sou completamente independente sem qualquer opção politica ( DESCULPEM RECUSO-ME A ANULAR AS CONSOANTES
    MUDAS) LOURDES PIEDADE

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