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sábado, 6 de outubro de 2012

Retail de Portimão: investimento de 35 milhões gera incertezas

Ainda que existam seguros já ativados, não é garantido que haja interesse ou disponibilidade dos donos do Portimão Retail Park para voltar a investir na estrutura destruída por um incêndio
 
Donos do Portimão Retail Park, um fundo de investimento luxemburguês, compraram o centro por 35,7 milhões ao empresário Alexandre Alves. Mas hoje o negócio poderá não valer tanto.
Os investidores do Pillar Retail Europark Fund, o fundo luxemburguês que detém a 100% um outro fundo (Portugal Europark Retail Fund), cujo acionista maioritário é atualmente a British Land - uma empresa inglesa que detém a nível mundial cerca de 90 retail parks - pagaram em 2006 cerca de 36 milhões de euros a uma empresa do empresário Alexandre Alves, a Retail Parks de Portugal, para ficarem com a propriedade e exploração do negócio em Portimão.
E o negócio, segundo dados apurados pelo Expresso junto da Comissão de Mercados e Valores Mobiliários (CMVM), valia só em rendas 1,7 milhões de euros por ano, em 2007. O problema é que hoje, e ainda que existam seguros já ativados, não é garantido que haja interesse ou disponibilidade dos mesmos para voltar a investir na estrutura destruída por um incêndio, na madrugada de 23 de setembro.
"É um processo complexo e não temos grande possibilidade de intervir nesta fase, até porque neste momento é uma área que está nas mãos da Justiça, por causa da investigação em curso, que poderá ser conclusiva ou não", adianta ao Expresso Rui Alpalhão, administrador da Fundbox, empresa gestora de fundos imobiliários.

Díficil prever novo investimento

A questão é que se em 2006 as perspetivas económicas e financeiras eram umas, e permitiam aos investidores estrangeiros calcularem rentabilidades relativamente seguras, o cenário, hoje, é totalmente diferente em Portugal.
"Não sabemos qual será a disponibilidade dos investidores para retomar este investimento. Apesar de existir capacidade de financiamento, a conjuntura mudou muito entretanto", admite Rui Alpalhão.
Pelo que nem sequer há garantias, para já, de que o Portimão Retail Park venha a ser reconstruído, o que vários trabalhadores temem que possa suceder. "A nossa preocupação é saber se as lojas serão reabertas, porque algumas já tinham dispensado trabalhadores devido à crise financeira e à queda nas vendas", disseram à agênca Lusa vários funcionários, que pediram o anonimato.
Recorde-se que o incêndio deixou sem local de trabalho perto de 300 pessoas, ainda que pelo menos três das unidades que operavam no Retail Park (Continente, Staples e Rádio Popular) já tenham adiantado que estão a recolocar os funcionários noutras unidades.

Comércio local quer 'anexar' grandes superfícies

Entretanto, tanto a Associação de Comerciantes do Algarve (ACRAL) como a de Portimão (ACP) já sugeriram, em comunicado conjunto, que as lojas agora destruídas deveriam reabrir no centro da cidade de Portimão.
Segundo as associações, essa seria uma forma de "garantir os postos de trabalho e potenciar aquela zona da cidade", utilizando o fundo Jessica, iniciativa da Comissão Europeia, Banco de Investimento e Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa, que visa apoiar os Estados no financiamento de investimentos de reabilitação urbana.
Mas há já quem questione a medida, sobretudo devido à falta de estacionamento gratuito na cidade, algo que tende a afastar os consumidores e a levá-los às superfícies comerciais no exterior dos centros urbanos.

Investigação em curso

Por enquanto, ainda não foram apuradas as causas do fogo que destruiu na madrugada de domingo sete grandes superfícies que integravam o Centro de Retalho em Portimão, embora os inspetores da Polícia Judiciária já estejam no terreno na busca de indícios para determinar os motivos do incêndio.
O Portimão Retail Park tem uma área de 25 071 metros quadrados, e um total de 20 lojas entre comércio e restauração e é gerido pela empresa Jones Lang LaSalle, especializada em serviços de imobiliário e gestão de investimento.
Para além do Retail Park em Portimão, a British Land detém ainda em Portugal os retail parks de Aveiro, Santarém, Viana do Castelo (Lima Retail Park) e Sintra.

Fonte: Expresso

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