Ontem não passava de uma utopia - hoje o programa de reabilitação urbana para promover a recuperação de imóveis degradados tem possibilidades de concretização, a crer nas palavras da secretária de Estado do Ordenamento do Território será no futuro uma bonita realidade ( haja o empenho necessário, quer das instituições públicas, quer dos privados ) não só nos grandes centros urbanos como Lisboa e Porto mas também em todas as cidades do país em que esse aspecto seja mais relevante.
Vejamos o exemplo de Faro, cidade a que me sinto ligada desde o meu tempo de estudante e onde vou com alguma regularidade, tenho constatado o número de edifícios antigos de bonita traça em elevado estado de degradação- casas senhoriais que guardam histórias de vidas, lugares de permanência e afectos compartilhados por sucessivas gerações que nasciam e morriam entre os seus familiares.
Os centros urbanos são hoje blocos de cimento compartimentados em reduzidos espaços por onde passam famílias, vidas, sentimentos fragmentados num quotidiano de breves encontros...Esperemos que este programa que conta com uma verba disponível de 1.700 milhões de euros chegue até ao Algarve e que as autarquias se empenhem em fazer das zonas antigas degradadas, espaços alegres de vivência e encontros, com espaços verdes, jardins onde as crianças possam brincar e os idosos sentarem-se nos bancos em amena cavaqueira, e não mais lugares desertos, de insegurança, por onde as pessoas têm medo de andar....
Portimão, dada a sua privilegiada situação junto ao mar, com boas ofertas turísticas de sol e praia e festas de Verão badaladas nas revistas cor-de-rosa, poderá ser também uma cidade atractiva; para isso basta que à semelhança de outros centros urbanos faça de toda a zona antiga da Casa Inglesa, jardim e área circundante um espaço reabilitado, com animação de rua, lojas de artesanato, galerias de arte, etc, tudo o que faz, à semelhança de outras cidades europeias , o prazer de ficar...
É urgente a mudança do paradigma turístico resumido ao triângulo sol/ mar/ praia e apostar num roteiro que inclua o patrimónío arquitectónico tão desprezado em Portimão e para isso há que evitar alguns erros do passado, a saber:
- Mercado de verduras, demolido para dar lugar a um estacionamento subterrâneo
- Convento de S. Francisco (século-XVI) em ruínas- que destino?
- Antiga central eléctrica (finais do século- XIX) em mau estado e com uso irregular
- Casco histórico da cidade (medieval e pós terramoto) a esvaziar-se, sem recuperação, muito adulterado por construção recente...
-Fontes de água (início século – XX) todas desaparecidas...
-Pelourinho ( século- XVII) destruído?
-Ponte de Portimão (século XIX) recentemente remodelada, com destruição de todos os elementos originais do tabuleiro...
- Janela manuelina( século- XVI) na Quinta do Morais, em semi-ruína e “entalada” entre prédios...
Há anos já foi slogan na campanha autárquica do actual executivo P.S. “ Portimão tem rumo”, pois está na altura de o provar....
Luísa Penisga Gonzalez, professora de História
Boa Luísa! Gostei!
ResponderEliminarf gregorio
Até que enfim !!!! Tenho estado a constantemente a criticar acerca do estado de abandono e degradação da zona histórica, há mais de uma ano, propondo exactamente o mesmo para a reavitalizar !!!! Só tenho lido impropérios !!!Até que enfim !!!! Ando eu a " batalhar " nesta página do " Portimão Sempre " acerca disto e só leio impropérios por fazer valer a minha opinião acerca de uma ideia válida !!! Conheço bem Portugal e o Algarve em particular , e o seu centro é uma vergonha, ao contrário de todas as cidades que conheço, inclusive Lagos, que está uma maravilha !!! A "Feitora" abandonada, o CAT, a Rua de Santa Isabel com palacetes entaipados, cantarias de pedra pintadas, um pórtico manuelino degradado, uma casa reabilitada onde foi descoberto uma pequena capela com pia baptismal do Séc. XVI, e o assunto foi " abafado " para a construção seguir , etc. !!! Tudo assim...!!!
ResponderEliminarLuísa faça mais comentários como estes...Parabéns e obrigada.
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