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sábado, 19 de novembro de 2011

REFLEXÃO SOBRE A ESCRAVATURA ACTUAL. Por José Gamboa. Vulgo Horta de São Bruno.


Dou comigo a pensar que mais do que nunca é preciso uma mudança civilizacional / pessoal, porque cada um quando muda, muda a sociedade. Se todos mudarmos individualmente a sociedade muda. A velha questão de que a sociedade corrompe o individuo, não é verdade porque a sociedade é formada por indivíduos. Os indivíduos, sim quando sãos mudam a sociedade porque é constituída por pessoas sãs. Uma sociedade doente é constituída por pessoas doentes. Por isso existem as Leis para proteger os sãos dos doentes.

O primeiro passo, e vejo isso como urgente, é livrarmo-nos das dividas dos bancos. Se não tivermos encargos com dívidas bancárias teremos uma vida, mesmo sem grandes luxos, mas de qualidade. Tudo depende da atitude de vida de cada um perante a vida.

A História mostrou-nos várias vezes que as dividas levaram pessoas à escravatura. Os pais não conseguiam pagar as dívidas e toda a família era escravizada. É um caso recorrente no passado. Parecem-nos histórias longínquas, mas se calhar não são tão longínquas assim. Neste momento já não há escravatura legal, mas há-o de outra maneira, em que todos seremos reduzidos à indigência por causa de dívidas, privadas e públicas. As dívidas públicas do Estado são tão grandes que os povos serão escravizados com baixos salários e mais horas de trabalho para que as dividas sejam pagas.

Nunca tinha feito esta analogia até hoje. É verdade, o que lemos da História da Grécia Antiga, de Roma, da Bíblia, de famílias escravizadas para pagarem dividas aos agiotas, aplica-se claramente hoje na questão dos Estados, que de tal modo endividados por governantes desgovernados, que os credores (os mercados) escravizarão os povos com exigências de baixos salários e de muitas horas de trabalho para que as dividas sejam pagas..... até que as dividas sejam pagas. Como é o caso de famílias que perdem a casa porque não conseguirem pagar as suas dividas aos bancos e continuam reféns dessa mesma divida. São novos escravos que trabalham para pagar uma divida – perderam o dinheiro já pago, perderam o bem e mantêm-se com uma divida. Uma escravatura com aparência de liberdade, que talvez seja a escravatura mais inteligente.

Fomos totalmente instrumentalizados pelos agiotas para contrairmos dívidas bancárias ou de instituições de crédito agiotas. Há uns 12/13 anos atrás houve até um primeiro ministro português (Guterres) que disse na TV que os portugueses podiam contrair divida e que se houvesse problemas no pagamento o Estado ajudava!!!

E como se pagam as dividas particulares com redução de salários e mais horas de trabalho? Impossível. Qual é o capítulo final?.... Que é o que estamos a assistir agora. Menos dinheiro e mais trabalho. Como se pagam as dividas?

Precisamos de uma mudança urgente: 1º cada um não contraia mais dividas e reduza custos fixos – telefones; rendas mais baratas, etc, cada um sabe de si; 2º cada um pague o mais depressa possível as dividas que tem; 3º encontre fontes de rendimento alternativas de modo a aguentar o embate que aí vem; 4º finalmente que se viva uma vida de qualidade e sóbria, uma vida mais espiritual, com boa comida, boa bebida e boa camaradagem, para que tenhamos saúde do corpo e da alma. Mens sana in corpore sano.

José Gamboa
(Horta de São Bruno)



3 comentários:

  1. Que bom lêr um texto bem escrito e de grande discernimento. Obrigada e Parabéns!
    Os portugueses têm que aprender a eliminar o supérfluo do dia a dia, o supérfluo que a cultura consumista e de endividamento semeou na vida de todos...
    Bem Haja!
    CG

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  2. Um exclente texto, mas na minha opinião pessoal, a diferença em relação ao passado histórico é que as pessoas de hoje procuram a escravidão, se no passado ela era imposta directamente sobre alguém, nos dias de hoje, através da ilusão criada pela sociedade de consumo, as pessoas que se auto-escravizam fazem-no de livre vontade e não me parecem que queiram abdicar desse estado, porque o materialismo e os falsos "status-sociais" induzem-as num vicio que lhes deturpa a sua realidade. O comodismo, que ainda que ilusório faz com que as pessoas no geral da sociedade, não queiram mudar.

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  3. Vamos ver se passa agora na censura:

    Agora, já dentro do buraco, atulhados de porcarias - chamam-lhe produtos tóxicos - todos se revoltam com a insanidade vivida nas ultimas décadas.
    Artigo meloso o do Gamboa... e surpreendente!
    Vejam lá o que uma pessoa descobre!!!
    Ora,
    Explique lá bem essas medidas urgentes?

    Como é que do buraco em que nos convenceram (Lembram-se do publicitário: "queres dinheiro vai ao Totta"?) a metermo-nos, tal qual enchendo-o de pepitas para lá irmos, mas tendo o cuidado de ensebar as paredes para de lá não sairmos. Pois é, querem-nos. Escravos.
    Mas para quê?

    Por detrás de um ganancioso está outro ainda maior.
    O ser humano é assim. Distingue-se dos outros animais a sua inteligência e ela dá para tudo.
    Até para matar os da própria espécie só pelo prazer de matar e de lhe ficar com os bens...

    E mais mau se tornará consoante a educação que tiver, dos pais, do meio, de tudo o que o rodeia e, claro, também, um pouco, dos genes.
    Numa família de bandidos o mais provável é que todos se tornem bandidos assim como é muito alta a taxa de médicos em família de médicos e de agiotas entre os banqueiros.

    Gamboa,
    Você não é cá deste mundo, pois não?
    Do mundo dos pobres e remediados.

    A mudança urgente virá, se vier, com a revolução, ou pior, com a guerra!!!

    Abraços

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