O que é um restaurante turístico? Na década de 80 do século passado era entendido como um restaurante típico que, pela sua cozinha, mobiliário, decoração reconstituíam um ambiente característico de um país ou de uma região, incluindo, o traje próprio dos empregados.
Urge reinventar o conceito. O alimento deve ser visto como um código simbólico que organiza a produção económica e as relações sociais. Um restaurante turístico deve ser entendido como um símbolo que identifica um empreendimento gastronómico de um local ou região. As suas funções essenciais seriam o mapeamento da história da comunidade onde se insere, a identificação, avaliação, controlo e divulgação de práticas alimentares colectivamente organizadas nessa comunidade e dirigidas a residentes e a não residentes interessados no consumo desse empreendimento como uma experiência, um produto turístico.
No que inova este conceito? A necessidade de constituir um instrumento de responsabilidade social e segurança alimentar, de se inserir num roteiro com lugares de interesse turístico, cultural e ambiental próximos e agregar um centro de hospitalidade.
Posto de venda com produtos característicos do local ou região, programas de capacitação dos funcionários e modernização do processo produtivo com preocupações ambientais e de apoio a causas sociais, com certificação técnica internacional e local alimentar fariam parte do itinerário dos empreendimentos gastronómicos.
Vivemos tempos difíceis de vampirismo fiscal com o aumento brutal da taxa de IVA ao sector da restauração e no custo das acessibilidades em várias partes do país (o que prejudica também este negócio), sendo possível o fecho de milhares de empresas e aumento do desemprego. Deverá também aumentar a economia paralela, com a própria colaboração das comunidades locais revoltadas com a pressão tributária de que estão a ser alvo.
Estado e associações de todo o sector turístico devem procurar salvar a restauração. Inserindo os restaurantes em zonas de planeamento turístico com cumprimento de indicadores de conservação de logradouros públicos envolventes, segurança, acessibilidades, divulgação de produtos turísticos e programas de formação ambiental, social e cultural dos empregados. Financiadas por parte do IVA cobrado na restauração, portagens cobradas nas acessibilidades e fundos comunitários. Com a envolvência dos municípios nesse planeamento.
Se não houver inteligência, Economia do conhecimento, equilíbrio entre o que se exige e o que se presta, não venceremos. O sinal agora compete a um Governo que quer aumentar receita no sector. O Turismo e o Algarve agradecem.
Virgílio Machado
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