O Circulo Teixeira Gomes, congratula-se pela elevada participação no debate que promoveu sobre a Reforma Administrativa do Poder Local, e onde o Secretário de Estado - Paulo Simões Júlio, Deputados eleitos pela região, autarcas, dirigentes partidários, académicos e cidadãos em geral, analisaram e debateram o tema emitindo as suas opiniões e posições políticas, sobre esta reforma em curso no país.
Estiveram presentes no auditório do Museu de Portimão mais de 130 pessoas e assistiram ao debate online mais de 400 visitantes do site do Circulo Teixeira Gomes.
Foi premissa fundamental do Circulo, na promoção deste debate, fazê-lo incindir numa visão da cidadania sobre esta matéria, pelo que sentimos ter contribuído para que se tivesse saído da esfera autárquica e partidária e analisar esta temática pela parte dos consumidores - os cidadãos eleitores e contribuintes. Nesse sentido reconhecemos a relevância da parceria com o ISMAT/Lusófona, que permitiu adquirir essa desejada dimensão.
Sintetizando as conclusões do debate e como contributo para a discussão e aprofundamento da Reforma salientamos o seguinte;
Ficou claro que o actual modelo de gestão e financiamento do poder local está esgotado e que esta reforma mais que oportuna é fundamental e estruturante para o país,
Está em causa um novo paradigma do poder local, que terá que assumir um papel determinante no futuro próximo em matérias do desenvolvimento económico e social das populações, mas terá que conciliar isso com o prestar os serviços, com mais qualidade, mais eficácia, optimizando os recursos necessários para o efeito, assegurando a sua sustentabilidade económica e financeira,
Garantindo que as situações de desequilíbrio e de ruptura actuais não se voltam a repetir,
A reforma é um processo de mudança em que os seus agentes, mais que discutir ou debater, terão que assumir um papel activo e motivador, capaz de desenvolver as alterações necessárias, de forma adequada á realidade e gerar a expectativa nos cidadãos relativa ao processo,
A população tem que identificar o que ganha com o processo de mudança que a reforma implica,
A palavra-chave é a descentralização,
Descentralização das competências aos mais variados níveis de poder, organizadas e distribuídas de forma adequada para garantir uma resposta cabal às populações, sem sobreposições nem desperdícios,
Continuar a assegurar as políticas de proximidade e aqui as freguesias desempenham um papel fundamental devendo continuar a fazer parte do mapa autárquico do país,
Sendo óbvio que os diversos órgãos do poder local, freguesias, municípios e comunidades intermunicipais, terão que se ajustar e adequar a uma realidade que resulta dos fenómenos de mobilidade e estabelecimento das populações no território, que se alterou nos últimos 36 anos desta fase do poder local democrático,
Já não baste ser autarca eleito ou autarquia estabelecida para bem servir as populações ou mesmo justificar a existência, é preciso ter os meios e os recursos para o fazer cabalmente e responder ao nível de exigência cada vez maior dos cidadãos sobre o poder local,
Isto passa, por ganhar eficiência e eficácia em economias de escala, por formar redes e cooperações, face às populações e aos territórios a servir e que no caso do Algarve ainda tem que contar com fluxos sazonais como o do turismo,
É aqui que surgem as comunidades intermunicipais, que apesar de já existirem como tal, não têm qualquer papel activo no serviço às populações na actualidade,
Sendo certo que podem ter um papel importante e mesmo fundamental para optimizar a afectação dos recursos do poder local e do poder central, num conjunto de competências e serviços às populações,
Estas estruturas carecem de legitimidade democrática e não podem ser um desvio á prossecução da implementação da regionalização,
Só encontrando um mecanismo que assegure a legitimidade democrática destes órgãos, e uma adequada distribuição das suas competências e meios financeiros, com efectiva descentralização do poder central (tanto das competências como dos meios financeiros), se poderá ver na implementação desta reforma o caminho que se deseja para a regionalização que o Algarve anseia,
Parece ser consensual que a melhoria da eficácia da governação no poder local (especialmente nos executivos municipais), passa pelo reforço de poderes das Assembleias Municipais, e pela eleição do Presidente e do executivo a partir duma lista única á Assembleia Municipal, formando executivos homogéneos com base maioritária na Assembleia.
Isto apesar de se encontrar perfeitamente assegurada a representatividade e o funcionamento democrático no actual sistema.
Uma nova lei das finanças locais, que deverá acompanhar a reforma administrativa, terá que ter em conta uma diferente distribuição dos tipos de impostos a arrecadar pelos municípios, bem como as suas incidências, com vista a separar a dependência directa das políticas de solos e de urbanismo, face às receitas municipais.
Todas as alterações e mudanças que estão em discussão nesta reforma têm que ter sempre em linha de conta e procurar aumentar a participação dos cidadãos, no poder local, bem como o aprofundamento da nossa democracia
Por último, queremos enaltecer o espirito aberto e dialogante apresentado por Sua Excelência o Secretario de Estado, que participou na reunião de forma atenta e disposto a ouvir as diferentes posição apresentadas, bem como a determinação, que é evidente pela sua parte, em levar a cabo tão relevante e estruturante reforma do Estado, dentro dos prazos estabelecidos.
Portimão em 27 de Janeiro de 12
O coordenador do grupo de trabalho da Reforma Administrativa
RUI MANUEL MATEUS
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